Foi com o sucesso de O Homem Elefante que o Lynch conseguiu respeito e carta branca em Hollywood para filmar as suas loucuras visuais. A estrutura narrativa do filme é bastante comum, e a bizarrice vem do interesse em filmar a história real de John Merrick (John Hurt), que nascendo com deformações por todo o corpo é explorado como grande atrativo de um show de horrores. Fotografado num belíssimo preto-e-branco, acompanhamos a tentativa do médico Frederick Treves (Anthony Hopkins) de estudar o caso e uma vida digna ao Homem Elefante, como passa a ser chamado. Assim, descobrimos que a nobreza vem do interior, mas nem todos conseguem enxergá-la de pronto. A bela cena em que o médico vê pela primeira vez o Merrick é uma grata exceção. E já com esse filme percebemos o domínio de narrativa que o Lynch possui, mesmo que não traga nada de tão inovador. Algo que irá aprimorar em seus trabalhos posteriores.
Veludo Azul (Blue Velvet, EUA, 1986)
Quando o jovem Jeffrey Beaumont (Kyle MacLachlan, que trabalhou com o Lynch na série Twin Peaks, a qual estou louco para encontrar) descobre uma orelha humana nos arredores de sua pequena cidade natal, começa a investigação do misterioso caso. Juntamente com Sandy Williams (uma adorável Laura Dern), filha do detetive local, eles decidem investigar a principal suspeita, a cantora de cabaré Dorothy Vallens, interpretada por Isabella Rossellini, pela qual Jeffrey se envolve, numa atmosfera impregnada de erotismo e mistério. É daí que o Lynch extrai a sua habitual bizarrice, através do comportamento de seus estranhos personagens, como um pervertido Dennis Hopper que vive o chantagista que atormenta a vida da bela cantora. Essa é a forma do Lynch mostrar que mesmo sob um canteiro de flores residem grotescos insetos. “It’s a strange world”, com certeza.
Coração Selvagem (Wild at Heart, EUA, 1990)
O David Lynch é um diretor do qual eu não consigo gostar muito. Acho que ele gosta mesmo de ser incompreendido, de fazer coisas de temas difíceis. De qualquer maneira, os três filmes dele aos quais consegui assistir por inteiro foram: “Twin Peaks – Os Últimos Dias de Laura Palmer”, “Cidade dos Sonhos” e o belíssimo “História Real”.
Bom final de semana!
Preciso muito ver Estrada Perdida, Twin Peaks, Coração Selvagem e Homem Elefante….
Tb queria assistir antes de ver Império dos Sonhos…
Vc já viu Duna?
é o filme dele mais difícil e menos adorado….queria ver sua opinião a respeito!
Eu até gostei…
rsrsr
Abraço!
Bem Kamila, nem todos conseguem gostar do Lynch mesmo, mas acho que o barato está justamente nessa bizarrice dele, de ser confuso e surreal, explorando ao máximo as possibilidades da linguagem cinematográfica.
Wiliam, ainda não vi Duna mas está na minha lista, quero ver todos os longas do cara e mesmo que Duna seja bastante recheçado quero ver. Mas hoje vou assistir ao primeiro longa dele, Eraserhead.
Adoro David Lynch. Dele falta eu ver Eraserhead, Twin Peaks e Estrada Perdida, mas já estão na mão (o primeiro via Web mesmo…). Acho ele um inventor de fábulas adultas extremamente densas. Chega a ser cruel às vezes, não apenas na dificuldade de interpretação, mas no próprio visual. O bom de Lynch é que seus filmes muitas vezes se revelam fontes maravilhosas de exercício da nossa percepção, e eu adoro isso. É um diretor que conversa (e brinca) com o expectador em vários níveis.
Nossa, preciso de um Pouco mais de Lynch!
Ainda mais depois de Cidade dos Sonhos!
Bons textos, como sempre rafa!
(Asas do Desejo no cinematógrafo! Pra te estimular ainda mais a ver!)
Mesmo com toda estranhice ou bizarrice, adoro ver os filmes de Lynch, acho tão pós-moderno…na maioria das vezes fico sem entender bulhufas, mas saio com a certeza que não perdi o meu tempo.
bom comeco
Então Anônimo, hoje só me falta algumas poucas coisas dele para eu ver, como Estrada Perdida e Uma História Real.