Sempre que via esse filme na prateleira da locadora, achava que se passava de uma história simples e modesta, mas nem tinha me atentado para o nome do diretor, o espanhol Julio Medem que anteriormente realizou o excepcional Os Amantes do Círculo Polar, uma história da descoberta do amor com uma narrativa bastante intricada. E assim também é esse Lúcia e o Sexo, a história de uma mulher que adentra na vida e nos desencontros de um promissor escritor, marcada por uma sexualidade à mostra sem pudores, e que ainda revelou a bela atriz Paz Vega como a protagonista.
A história começa pela metade quando Lúcia, arrependida por ter brigado com o namorado, o escritor Lorenzo (Tristán Ulloa), tenta desfazer seu erro, mas descobre que ele sofreu um acidente e, dando-o por morto, foge para uma ilha onde ela sempre quis que ele a levasse. A partir daí, o filme embaralha presente, passado e futuro para mostrar o primeiro e inusitado encontro do casal, à medida que também introduz outros personagens à trama: Elena (Najwa Nimri, talvez a melhor em cena) é um antigo caso-relâmpago de Lorenzo que Lúcia irá encontrar na ilha; Belén (Elena Anaya) é uma babá que fará uma ponte entre ele e algum ente próximo de sua família; e Pepe (Javier Câmara) é o grande amigo e também editor do jovem literato.
Como já dito, o filme é repleto de cenas de sexo que facilmente podem ser vistas como forma de oportunismo e apelação. Mas todo o teor sexual possui utilidade na narrativa (assinada também por Medem), seja para acentuar o caráter independente de Lúcia, o amor louco que os dois vão passar a viver e mais tarde a depravação de Belén, utilizada por Lorenzo como fonte de idéias para o seu novo livro, mas que irá resultar em tragédia. De fato, uma narrativa fresca e sem vergonhas, mas repleta de meandros.
Enquanto a trilha sonora não passa do correto, a fotografia estourada nos entrega belas imagens da ilha que mais se assemelha a um local onde tudo pode acontecer, possuindo quase uma atmosfera de devaneio (embora não o seja). E é lá mesmo que a história vai se fechar, trazendo gratas surpresas aos personagens.
No entanto, só me desagrada nesse filme o fato de em determinado momento a narrativa se utilizar de muitas coincidências para amarrar as pontas, uma vez que todos os personagens vão estar interligados no fim da história. Mas a mão firme e direta do Medem, ajudado por uma edição não-linear do tipo “quebra-cabeças”, bastante eficiente, nunca deixa a peteca cair.
Ao fim, o diretor-roteirista ainda se utiliza de uma idéia do próprio personagem para aplicar ao filme. Quando este chega ao final, é dado ao filme a possibilidade de voltar ao meio da história para que a narrativa possa tomar outro rumo. E o Cinema nos fornece isso, a possibilidade de levar um filme a um caminho totalmente particular. P.S.: A Sociedade Brasileira dos Blogueiros Cinéfilos (SBBC) já divulgou a lista dos Melhores Filmes dos anos 90 escolhidos pelos blogueiros ligados à Sociedade. Dê uma olhada e veja se te agradam.
Engraçado que vi esse filme no mês passado e não gostei tanto quanto esperava, apesar da trama bastante interessante. Acabei perdendo alguns detalhes da história, fato pelo qual pretendo rever “Lúcia e o Sexo” em breve. Abraço!
“Lúcia e o Sexo” foi um daqueles filmes que passou – aos montes – na programação da TV por assinatura, mas eu nunca consegui assistir. Só tenho curiosidade em relação ao longa porque foi o primeiro papel de destaque da Paz Vega.
Vi no cinema e achei maravilhoso. Hoje, ja nao lembro muita coisa, o que nunca é bom sinal… Mas na ocasiao achei tao bom quanto o primeiro do Medem, Os Amantes do Circulo Polar (um crime esse filme nao ter saido em dvd ainda).
Ja o novo do Medem, Caotica Ana, é tao ruim que eu nem quero rever os anteriores com medo de ele sempre ter sido ruim e eu nao ter percebido. Hehehe.
Abraços!
Eu sempre via esse filme nas prateleiras e pensava: “mais um filme sem conteudo com um estilo cine privè”
Esta resenha me ajudou a não mais julgar um filme pela capa…
Gustavo Madruga
PS: Cine Ôba Voltou!!!
Tive o prazer de ver “Lucia e o Sexo” no cinema, embora na epoca nao cheguei a aprecia-lo tanto quanto hj. Foi numa segunda olhada mais intimista que me deixei levar pelo filme, ficando quase que impactada pelo teor emocional do mesmo. “Os Amantes do Circulo Polar” nao vejo ha muito tempo, lembro que gostei da historia, mas hj, pouco tenho na memoria o mesmo.
Pois é Vinícius, o filme é cheio de subtramas e eu precisei revê-lo dois dias depois da primeira conferida. O que já era agradável se tornou admiração.
Kamila, o longa vale pela Paz Vega sim, mas também por um roteiro bastante caprichado e inteligente, além do elenco, com destaque para Najwa Nimri.
Hélio, no cinema esse filme deve crecer bastante. Acho Os Amantes do Círculo Polar um pouco superir a esse daqui e merecia mesmo uma versão em DVD. Já Caótica Ana, estou louco pra ver, e ainda confio no Medem. Vamos ver o que ele me reserva.
Com certeza Gustavo, pré-julgamentos não fazem bem a filme algum, principalmente pela capa. Mas sabe que era justamente isso que me atraia na locadora? Enfim, se for assistir, veja com coração.
Como disse para o Vinícius, Romeika, tive que dar uma segunda olhada no filme também, mas já tinha gostado desde a primeira vez. E no cinema deve ser sensacional.
Caramba, eu sempre vi esse filme na prateleira e, apesar do título sugestivo, nunca tive vontade de levá-lo para casa. Agora a coisa muda de figura…
Abs!