Existe no filme uma atmosfera de perda da inocência revelada principalmente pela carga de sexualidade que se aflora à medida que o personagem é apresentado ao universo do proibido desde cedo no próprio ambiente familiar. O grande problema é quando essa carga sexual extrapola o limite e se torna forçada, rompendo com uma naturalidade que seria esperada de um filme praticamente autobiográfico. As cenas de sexo aparecem mais com o propósito de chocar, além de ser motivo para algumas passagens hilárias. Alguns minutinhos a menos também não fariam falta ao filme. O personagem ainda vai entrar em conflito com a religiosidade e a própria família, algo que moldará sua personalidade.
Mesmo assim, é de se reconhecer o trabalho de reconstituição de época que passa por um período de três décadas e consegue transmitir a atmosfera do momento, com suas transformações sociais e políticas, auxiliado por uma bela fotografia e trilha sonora. Tendo como locação a cidade de Salvador, Eu Me Lembro é um belo retrato, sem pudor ou moralismos, das dúvidas e curiosidades da juventude. Uma pena que a tentativa de parecer anárquico enfraqueça o longa.
Muito boa a iniciativa dessa mostra. Não conhecia este filme citado no post. Deve ter ficado restrito somente ao circuito de festivais.
Pois é Kamila, muitos filmes nacionais sofrem desse problema. Nem sempre têm a divulgação que merecem e o público acaba não tendo acesso a esse tipo de material.
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