Dir: Abel Ferrara
Marie é uma atriz que decide abandonar a promissora carreira e viver em Jerusalém depois de interpretar e se identificar com o drama de Maria Madalena num filme polêmico. Seu diretor, Tony Childress, luta para que seu filme não seja censurado, mas se mostra arrogante e prepotente como dono da verdade. Ambos são procurados por Ted Younger, um jornalista que promove uma série de entrevistas sobre religião num programa de TV e passa por uma má fase no relacionamento com sua esposa grávida.
O filme parece tratar o tema de forma muito imparcial. Ao mesmo tempo em que discute interpretações polêmicas sobre a vida de Cristo (como o fato de Maria Madalena ter sido uma de seus principais apóstolos e até mesmo sua amante ou a descoberta de outros Evangelhos como o de São Tomé, São Judas e da própria Maria Madalena), o filme também reserva espaço para a personagem que encontrou a paz interior na comunhão com a fé. E se por um lado Marie demonstra essa segurança e por outro Childress, seu oportunismo através da polêmica (referência a Mel Gibson?), o jornalista não sabe ao certo por qual caminho seguir. E quando se deparar com graves problemas na família, ele terá que questionar suas próprias crenças e princípios.
Cenas do filme dentro do filme se intercalam com a trajetória interligada dos personagens e com as documentais entrevistas no programa de TV, revelando um competente trabalho de edição. Não só pela ligação entre as cenas, mas como forma de acompanharmos a evolução e construção daqueles personagens. E é uma pena que a trilha sonora se perca ao longo da história, pois impõe presença no início.
Mas o destaque mesmo é o trio de atuações. Matthew Modine está hiper cínico na pele do arrogante diretor. Juliette Binoche, que sempre atua bem, dá conta de suas duas personagens, mas seus melhores momentos são quando incorpora uma apaixonada Maria Madalena. Mas é Forest Whitaker que mais me chamou a atenção, até porque seu personagem é o mais complexo e, justamente por isso, o mais interessante. O jornalista (essa figura questionadora) na busca pelo entendimento das questões religiosas acaba por redefinir os rumos de sua própria vida e Whitaker confere força ao personagem ao mesmo tempo que demonstra sua insegurança diante da fé. Ao fim é a nossa vez de olharmos para dentro e nos questionarmos. Quanto de fé que eu preciso/possuo?
Bateu uam vontade de ver, sabia?!
Não conhecia o filme, Rafael, e depois desse texto fiquei com muita vontade de assistir!
não preciso nem dizer que estou morrendo de curiosidade para assistir…
abraços
parece bom…
forest não costuma atuar em filmes ruins…
de que ano é esse filme???
abraço
A premissa do filme ficou tão bem explicada e a opinião sobre ele convidativa que também bateu uma curiosidade.
Aliás, seria uma oportunidade para conhecer o cinema de Ferrara.
Juliette é sempre ótima!
Mais uma bela recomendação! 😉
Caraca!
Convenceu a todos! Inclusive a mim!
Adoooro a temática fé e pra imim eh uma das mais ricas possíveis!
É tão interessante como ela surge do nada e é questionada por “outras fés”…me ancaanta!
Assistirei colega!
Que bom que meu texto despetarou o interesse de vcs e como o Gustavo disse é uma forma de procurar conhecer mais a filmografia do Ferrara. Eu mesmo não assisti nada além desse.
Rafael, tb recebi com muita surpresa o resultado final de MARIA.Ah!Alfinetada não só em Mel Gibson como em Dan Brown.Vi q a proposta de Abel Ferrara é a de justamente ir de encontro ao alarmismo Browniano e do Código Da Vinci, sobre o quanto seria necessário fuzilar uma crença.Muito interessante o ponto de vista abordado. Whitaker está melhor aqui do q em O Último Rei da Escócia de que tanto as pessoas falam.
De fato, acabei esquecendo de citar o Dan Brown, cuja pretenção é ainda maior. E gosto muito da atuação do Whitaker em O Último Rei, pra mim fica pau a pau com essa aqui.