Um Pombo Pousou num Galho Refletindo Sobre a Existência (En
Duva Satt På En Gren Och Funderade På Tillvaron,
Suécia/Alemanha/Noruega/França, 2014)
Duva Satt På En Gren Och Funderade På Tillvaron,
Suécia/Alemanha/Noruega/França, 2014)
Dir: Roy Andersson
Um pombo num galho, empalhado, numa redoma de vidro; um
homem, bastante pálido, observa o animal. O tempo parece suspenso, a câmera
está fixa, pouco movimento dentro do quadro, fotografia monocromática. Assim
começa esse curiosíssimo filme que parece se mover em uma outra dimensão de
realidade.
homem, bastante pálido, observa o animal. O tempo parece suspenso, a câmera
está fixa, pouco movimento dentro do quadro, fotografia monocromática. Assim
começa esse curiosíssimo filme que parece se mover em uma outra dimensão de
realidade.
Esse tipo de tableau vivant se repetirá
formalmente por todo o longa. Na verdade, trata-se de um dispositivo narrativo
já usado por Roy Andersson em seus trabalhos anteriores, Vocês, os
Vivos e Canções do Segundo Andar. Perfazem uma espécie de
trilogia dos absurdos cotidianos, via humor negro na maneira de olhar para
pequenas desgraças humanas.
formalmente por todo o longa. Na verdade, trata-se de um dispositivo narrativo
já usado por Roy Andersson em seus trabalhos anteriores, Vocês, os
Vivos e Canções do Segundo Andar. Perfazem uma espécie de
trilogia dos absurdos cotidianos, via humor negro na maneira de olhar para
pequenas desgraças humanas.
Ou não tão pequenas assim: esse novo filme começa com
observações sobre a morte e algumas de suas idiossincrasias – sem deixar de
serem hilárias, diga-se. Mas logo torna-se um amontoado de situações em que os
personagens misturam-se e retornam momentos depois, enfrentando conflitos por
vezes banais, porém com consequência tragicômicas.
observações sobre a morte e algumas de suas idiossincrasias – sem deixar de
serem hilárias, diga-se. Mas logo torna-se um amontoado de situações em que os
personagens misturam-se e retornam momentos depois, enfrentando conflitos por
vezes banais, porém com consequência tragicômicas.
O absurdo filosófico e um tanto quanto calculadamente “pedante”
do título ganha um contorno perceptível: as mini-situações aqui apresentadas
são pinçadas de uma realidade que se querem nonsense e, por
isso mesmo, interessantes de serem postas em cena. O aspecto morto-vivo que os
personagens sustentam, o rosto de uma palidez assombrosa, só contribui para
esse estado de suspensão em que parecem circular aquelas almas.
do título ganha um contorno perceptível: as mini-situações aqui apresentadas
são pinçadas de uma realidade que se querem nonsense e, por
isso mesmo, interessantes de serem postas em cena. O aspecto morto-vivo que os
personagens sustentam, o rosto de uma palidez assombrosa, só contribui para
esse estado de suspensão em que parecem circular aquelas almas.
Há algo de Jacques Tati nessa construção de quadros em
que a atenção do espectador pode ser levada a se fixar em certo ponto, diversos
são os elementos que estão distribuídos no plano. É o tipo de filme que brinca
com as percepções daquilo que temos diante de nós e daquilo que somos levados a
perceber mais detidamente. Pode soar formalista demais, mas no fundo é muito gracioso,
perseguindo situações bizarras. Tão estranhas como pode ser o próprio dia a
dia.
que a atenção do espectador pode ser levada a se fixar em certo ponto, diversos
são os elementos que estão distribuídos no plano. É o tipo de filme que brinca
com as percepções daquilo que temos diante de nós e daquilo que somos levados a
perceber mais detidamente. Pode soar formalista demais, mas no fundo é muito gracioso,
perseguindo situações bizarras. Tão estranhas como pode ser o próprio dia a
dia.