Menos seriedade

As Tartarugas
Ninja

(Teenage Mutant Ninja Turtles, EUA, 2014)

Dir:
Jonathan Liebesman
Sempre
houve nas histórias das Tartarugas Ninja um tom cômico muito aguçado, quase
abobalhado mesmo na forma como conduzia sua história absurda – tartarugas mutantes
que cresceram no bueiro, sob vigilância e ensinamentos de uma ratazana mais
velha e sábia, lutando contra o crime e a opressão numa grande metrópole.

no próprio título original do filme, reforçado em mais de uma das falas dos personagens,
a referência ao fato dos protagonistas serem adolescentes, aderindo a
esse mundo teen de agradabilidade e diversão
(uma maneira também de mirar nesse público atual mais jovem que fareja esse
tipo de produto nos cinemas).
Daí
que o fator adrenalina do filme, ainda que bem trabalhado nas cenas de maior ação,
e a rigidez de uma trama com planos mirabolantes, apostando na insistência em soar
gravemente importante, parecem o ponto fraco do projeto. Mesmo a formatação do
antagonista clássico, o Destruidor, ganha peso, tanto na caracterização
física como na malvadeza. O maior entrave do filme, portanto, é se levar a
sério demais.
O
filme também tenta se sustentar com um roteiro fraco em diálogos e se apega a
coincidências frágeis para ligar os personagens. Quem mais sofre com isso é a jornalista
April (Megan Fox) quando se revela sua participação na própria salvação dos
experimentos que deram origem àqueles seres geneticamente modificados.
Leonardo,
Raphael, Donatello e Michelangelo funcionam muito bem como grupo de jovens que tomam
para si uma grande responsabilidade, ainda que mantenham o tempo todo o espírito
de chacota. A cena do rap no elevador é bem característica nesse aspecto, e
engraçada também. Já os personagens humanos são mais rasos, encontrando em April a personagem que descobre a existência surreal daquelas criaturas e todo um universo mirabolante em torno deles (por mais que as explicações estejam calcadas nas ciências.

Almejando
um espacinho ali entre as franquias de super-heróis que têm dado certo no
cinema recente – e talvez já estejam saturando o universo dos blockbusters –, As Tartarugas Ninja poderiam ser um produto diferenciado, pegando
carona no efeito Guardiões da Galáxia
– que entende muito bem o seu lugar nessa seara, diferenciando-se pelo seu teor
de autoparodização. Mas pelo menos não é a bomba pela qual tantos esperavam.

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