Festival Varilux de Cinema Francês – Amores no palácio

Adeus, Minha
Rainha

(Les Adieux à la Reine, França/Espanha, 2012)

Dir:
Bonoît Jacquot

O
único Benoît Jacquot que havia chegado para mim foi um filme intimista, em
preto-e-branco, narrado com parcimônia e tempo lento, chamado Até Já. Agora, ele abre o Festival Varilux
de Cinema Francês com uma obra bem mais portentosa e urgente (foi também o filme de abertura do Festival de Berlim ano passado). Adeus, Minha Rainha nos coloca nos
bastidores da crise político-social que toma o Palácio de Versalhes poucos dias
antes do rei Luis XVI e a rainha Maria Antonieta serem destituídos do poder pelas mãos
dos que investiram na Revolução Francesa.
Mas
menos um filme político e mais um trabalho de olhares íntimos e de amorosa
adoração, Adeus, Minha Rainha se
apresenta através do olhar de Sidonie Laborde (Léa Seydoux), leitora oficial da
rainha (Diane Kruger). Moça simples que nutre uma paixão secreta pela monarca,
sendo esta tão expansiva e conhecida pelos amores de homens e mulheres que conquistou com sua influência e beleza.
As
confissões da rainha acerca de seu envolvimento e atração pela duquesa Gabrielle
de Polignac (Virginie Ledoyen) só reforçam para Sidonie essa possibilidade de
relações (e o filme não deixa de pregar uma peça na protagonista quando ela
precisar assumir o lugar de Gabrielle, posição que ela desejaria adotar, mas em circunstâncias bem diferentes). Sidonie
também representa um grupo de pessoas que rondam a vida monárquica, servindo
no Palácio de Versalhes, gente que veria sua vida mudar depois da crise e
falência do poder real (a fala final do filme é exemplar para revelar a desolação
de pessoas assim, que só se sentem úteis ao servir lealmente).
É
esse ambiente que mais interessa ao filme enquanto observação de uma certa vida
em torno da realeza. Mas o grande entrave do filme esteja no tom de
urgência e tensão que Benoît implanta já desde o início, tentando sustentá-lo até
o fim, bambeando bastante no meio do caminho. O filme se concentra em apenas
quatro dias, na iminência de fuga da família real, enquanto os amores secretos da rainha vêm à tona.
Mas
não deixa de ser cansativo e redundante esse clima de abalo, ainda mais por se
passar dia a dia, só alcançando um pouco mais de intensidade nos minutos
finais. Nem a relação entre as amigas íntimas é descortinada, nem a paixão
secreta de Sedonie é trabalhada a fundo. Jacquot desenha os enlaces
amorosos por baixo do pano, mas sem muito interesse ou momentos de maior
provação.

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