Temporada de prêmios encerra hoje mais à noite com a entrega do Oscar, depois de um ano maravilhoso que foi 2019 para o cinema no mundo. Pena que a Academia ainda esteja presa a parâmetro$ outros que não o da pura qualidade das obras, o que tirou do páreo filmes fenomenais como Ad Astra – Rumo às Estrelas e Joias Brutas (só para ficar em exemplares norte-americanos), dois filmaços que não tiveram chances na engrenagem das campanhas agressivas das produtoras.
Mas estou aqui para comentar as principais categorias e entrar na brincadeira de tentar adivinhar os prêmios desta noite. A listagem dos indicados segue minha ordem de preferência em cada categoria, com minha aposta para o vencedor em negrito. Vamos lá.
Melhor Filme
1917 surgiu na surdina e ganhou a galera com seu preciosismo técnico, quem diria. A Netflix, que parecia tão forte na disputa com O Irlandês e História de um Casamento, viu seu esperado apogeu ser adiado por mais um ano (até quando?). Tenho para mim que existe, nos bastidores, um forte sentimento anti-Netflix. Daí que o filme de Sam Mendes surgiu como possibilidade redentora, mas seguido de perto desse sucesso inesperado que é Parasita. Muitos acreditam que o filme coreano possa vencer. Seria lindo. Mas prefiro ficar com uma aposta mais conservadora, que é a cara da Academia.
Parasita
O Irlandês
Coringa
História de um Casamento
Adoráveis Mulheres
Jojo Rabbit
Ford vs Ferrari
Era Uma Vez em… Hollywood
1917
Melhor Diretor
Scorsese passou as décadas de 1970, 1980 e 1990 fazendo filmes incríveis para só ganhar um Oscar em meados dos anos 2000. Um crime. E uma pena ele sair de mãos abanando de novo aqui por esse filmão que é O Irlandês, mas Sam Mendes enfeitiçou os votantes com suas piruetas de câmera. Bong Joon-Ho poderia surpreender aqui, mas é bem difícil depois que Mendes ganhou o prêmio do sindicato de realizadores.
Martin Scorsese, por O Irlandês
Bong Joon-Ho, por Parasita
Todd Phillips, por Coringa
Quentin Tarantino, por Era Uma Vez em… Hollywood
Sam Mendes, por 1917
Melhor ator
Numa das categorias mais disputadas e repletas de possíveis outros nomes que acabaram não sendo indicados (Christian Bale bem que podia pegar essa vaga aí do Jonathan Pryce), eis que Joaquin Phoenix conseguiu um grande feito: é favorito por um personagem saído dos quadrinhos, depois de outro ator já ter levado um Oscar interpretando o mesmo personagem. Será uma vitória mais que merecida. Mas vale destacar aqui mais um trabalha incrível de DiCaprio, o nome da vez que é Adam Driver (que logo, logo estará ganhando seu Oscar também) e Antonio Banderas na melhor interpretação de sua vida.
Joaquin Phoenix, por Coringa
Adam Driver, por História de um Casamento
Antonio Banderas, por Dor e Glória
Leonardo DiCaprio, por Era Uma Vez em… Hollywood
Jonathan Pryce, por Dois Papas
Melhor atriz
Em contraponto à disputa de atores, a categoria de atriz é uma das mais fracas dos últimos anos, não porque não há boas atuações, mas poucas delas são realmente dignas do prêmio. Renée Zellweger deve vencer por conta do combo infalível (interpreta personagem real + caracterização que impressiona). Esse Oscar está no papo. Saoirse Ronan e Scarlett Johansson são as únicas que poderiam fazer frente, ótimas em seus respectivos papeis.
Scarlett Johansson, por História de um Casamento
Saoirse Ronan, por Adoráveis Mulheres
Charlize Theron, por O Escândalo
Cynthia Erivo, por Harriet
Renée Zellweger, por Judy – Muito além do Arco-Íris
Melhor ator coadjuvante
Brad Pitt deve conquistar a consagração que há tanto tempo esperava. Sinceramente, nunca o achei um grande ator e nem está maravilhoso aqui, mas é o tipo de prêmio mais pelo conjunto da obra de um cara boa praça. Pena que Joe Pesci (mais que Al Patino) acabem sendo ofuscados nessa, mereciam muito mais a vitória. Hopkins é outro gigante, a melhor coisa de Dois Papas, sem dúvida. E Tom Hanks, que surpresa (tudo que girar em torno dele em Um Lindo Dia na Vizinhança é muito bom, já o restante…).
Joe Pesci, por O Irlandês
Anthony Hopkins, por Dois Papas
Tom Hanks, por Um Lindo Dia na Vizinhança
Al Pacino, por O Irlandês
Brad Pitt, por Era Uma Vez em… Hollywood
Melhor atriz coadjuvante
Não vou cansar de dizer que a atuação de Jennifer Lopez é melhor que todas essas aí juntas em As Golpistas, mas não deu. Laura Dern, a prefeita de Hollywwood, deve vencer e será digno. Gosto muito da garota Florence Pugh, talvez muito novinha ainda para darem um prêmio.
Florence Pugh, por Adoráveis Mulheres
Kathy Bates, por O Caso Richard Jewell
Laura Dern, por História de um Casamento
Scarlett Johansson, por Jojo Rabbit
Margot Robbie, por O Escândalo
Roteiro adaptado
Aqui temos uma grande disputa. Por um lado a sátira juvenil de Jojo Rabbit (que, pelo visto, não causou tanta repercussão – e certa recusa – como tem provocado aqui no Brasil), por outro o classicismo sofisticado de Adoráveis Mulheres. Acho que Greta Gerwig saia um pouco na frente por conta da esnobada em melhor direção que ela teve, mas nada é certo aqui. O Irlandês continua sendo o vencedor moral em grande parte das categorias, e esse seria o prêmio mais louvável, mas não será dessa vez.
O Irlandês
Coringa
Jojo Rabbit
Adoráveis Mulheres
Dois Papas
Roteiro original
Pode não ser o melhor filme do Noah Baumbach, mas é certo que História de um Casamento é dos textos mais maduros e fortes do diretor-roteirista. Pena que exista outros favoritos aqui (e eu sigo achando que a resistência à Netflix o tenha prejudicado), como Era Uma Vez em… Hollywood (Tarantino de novo para esse prêmio, que preguiça…) e Parasita. Ainda tenho minhas dúvidas se o filme de Bong Joon-ho conseguiu perfurar a resistência dos votantes em relação aos filmes estrangeiros, mas é certo que o filme tem tido uma apoteose em Hollywood. Seria um ótimo prêmio de consolação aqui.
Parasita
História de um Casamento
Entre Facas e Segredos
Era Uma Vez em… Hollywood
1917
Melhor filme internacional
Mesmo se não tivesse sido indicado, Parasita ganhava essa, não tem jeito. Ponto final.
Parasita (Coreia do Sul)
Os Miseráveis (França)
Dor e Glória (Espanha)
Honeyland (Macedônia do Norte)
Corpus Christi (Polônia)
Animação
Será que a Netflix vai ser consolada aqui? É uma boa aposta, jê que seu filme, Klaus, venceu na premiação do sindicato de animadores, mas eu ainda aposto na força da Pixar/Disney com seu adorável Toy Story 4. Todos os demais são só ok.
Toy Story 4
Perdi Meu Corpo
Klaus
Link Perdido
Como Treinar o Seu Dragão 3
Documentário
Aqui sim acho que a força da Netflix vai aparecer. Não a favor do filme brasileiro (seria lindo de ver), mas de Indústria Americana que, além do mais, tem o poderoso apoio da família Obama. O forte For Sama tem suas chances também, e me surpreendi como Honeyland perdeu força nos últimos dias, mesmo com dupla indicação (concorre em filme de língua estrangeira também).
Indústria Americana
Democracia em Vertigem
Honeyland
For Sama
The Cave