Começa hoje aqui em Salvador a Mostra Cine Horror, lá na Sala Walter da Silveira, evento que vem se consolidando na cidade a partir das sessões mensais que um grupo de aficionados pelo cinema de horror promove já há algum tempo por aqui. Na abertura, um filme especial: Horror Noire: A History of Black Horror (2019), de Xavier Burgin, super inédito no Brasil. É um documentário que aborda a representação negra no cinema de horror, tema tão pouco discutido e visto por aí.
Burgin faz um apanhado histórico bastante rico da relação entre horror e raça, ainda que circunscrito ao cinema norte-americano, indo de O Nascimento de uma Nação, do Griffith, até Corra, do Jordan Peele (que também fala no documentário). Mas mais curioso do que essa dimensão da representação em tela do sujeito negro, é a atenção que se dá para a recepção desses filmes por parte da comunidade negra. Em Horror Noire, atores, diretores e demais envolvidos com a produção de algumas dessas obras discutem, junto com estudiosos, como eles foram impactados (positiva ou negativamente) com algumas desses filmes no decorrer da História e suas reverberações.
Enfim, é um achado e vale muito a experiência de fruição. Após a exibição vou participar de um debate sobre o tema com uma galera massa que pensa, faz e admira o cinema de horror. Vale lembrar também que o filme é baseado no livro Horror Noire, da Dra. Robin R. Means Coleman, pesquisa que está sendo lançada no Brasil pela DarkSide Books em edição caprichada, como de costume.
E o Cine Horror tá só começando. Tem muita coisa apetitosa: homenagem a Dagon, conto do H. P. Lovecraft que ganhou uma versão espanhola a ser exibido na mostra; exibição de O Solar Maldito, do Roger Cormam, em homenagem aos 180 anos do lançamento de A Queda da Casa de Usher, do meu querido Edgard Allan Poe; além de um monte de curta massa de uma galera que faz cinema de gênero no Brasil.
Programação completa você encontra aqui.