Construindo futuros

Tomorrowland – Um Lugar Onde Nada é Impossível (Tomorrowland, EUA, 2015)
Dir: Brad Bird

Brad Bird é um dos grandes nomes que fizeram da Pixar uma referência em qualidade na animação. Dirigiu sucessos como Os Incríveis e Ratatouille. Agora que parece ter migrado para o live action (depois de ter conduzido uma continuação de Missão Impossível), chega com esse Tomorrowland – Um Lugar Onde Nada é Impossível, um conto de verniz infanto-juvenil, com olhar descompromissado para a aventura.

Talvez a maior qualidade do filme é que sua narrativa se descortina aos poucos, demora um tempo até sabermos aonde o filme quer chegar, não se entrega de cara. Abusa dos flashbacks para montar uma história que versa sobre o futuro da humanidade e sobre a responsabilidade de cada um em plantar sementes do bem para um mundo melhor.

Tudo isso soa mesmo como filme de mensagem, sem que isso necessariamente seja martelado na cabeça do espectador. Tomorrowland trafega entre o lado infantil da ingenuidade e a força da audácia pueril. Não à toa, o personagem de George Clooney, Frank Walker, nos é apresentando como o garoto prodígio das ciências que foi levado por outra criança a conhecer esse universo paralelo do título. Atualmente um adulto desiludido e frustrado, outra moça cruzará o caminho de Frank.

É a jovem Casey (Britt Robertson) com seu destemor militante e preocupação com os rumos da vida na Terra (vide os danos que uma enorme usina onde seu pai trabalha pode causar na área natural ao redor). Essa sua apreensão e desejo de mudar as coisas é o que chama atenção de Athena (Raffey Cassidy), a mesma garotinha que levou Frank para Tomorrowland.

O filme nos apresenta, portanto, esse universo paralelo fantasioso, com direito a robôs inteligentes e armas e equipamentos intergalácticos, enquanto a vida vislumbrada na Terra não é das melhores (embora ali nem tudo está perdido ainda). Tomorrowland aposta na pureza juvenil como força motriz para mudar o destino humano, o que como resolução soa simplista, mas coerente dentro da proposta do filme.

Ainda que Bird filme com muita competência os momentos de maior adrenalina e aventura, com boas doses de um senso de perigo real, existe mesmo algo de rocambolesco numa trama com muitos desdobramentos e arestas, o que pode afastar os mais novos da narrativa. Mas ao manter o tom entre o arriscado e o infantil, Tomorrowland se sustenta como aventura ciente de seu lugar, um que não tem medo de soar ingênuo.

 

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