Dir: Murilo Salles
Logo na cena inicial de Nome Próprio somos apresentados não só a uma protagonista em estado de descontrole, mas também a um estilo de filmagem seco e direto que acompanha todo o filme. Camila (Leandra Leal) é uma jovem compulsiva e controladora que encontra num blog o lugar ideal para registrar os descaminhos de sua vida conturbada. O fim de um namoro é o início para a degradação física e psíquica de Camila, baseada na personagem homônima criada pela blogueira Clarah Averbuck e retirada de dois livros de sua autoria, Máquina de Pinball e Vida de Gato, além de textos publicados em seu blog pessoal.
Nascidos em Bordéis (Born Into Brothels: Calcutta’s Red Light Kids, EUA, 2004)
Dir: Zana Briski e Ross Kauffman
Ao fazer um trabalho de fotografia com filhos de prostitutas na Índia, a fotógrafa Zana Briski decidiu pôr as câmeras nas mãos das próprias crianças e ensinar-lhes a arte da fotografia. A intenção é das mais interessantes pelo propósito de tentar revelar as mazelas sofridas por aquelas crianças a partir de uma visão interior, revelando espaços cujo acesso lhes é mais fácil. Mas em determinados momentos o documentário se torna panfletário, pois Zana (também diretora do filme) mostra a si mesma como uma mártir piedosa que faz de tudo para ajudar aquelas criancinhas indefesas, beirando à prepotência. Uma visão de comiseração e autoimportância que busca a comoção da forma mais apelativa possível.
Almoço em Agosto (Pranzo di Ferragosto, Itália, 2008)
Dir: Gianni di Gregorio
Esse eu perdi durante o Semcine. Na época fiquei muito chateado porque preferi ver Nouvelle Vague, do Godard, que se revelou um porre. O sentimento de chateação se desvaneceu assim que eu consegui conferir o filme italiano e suas fragilidades. A história gira em torno de Giovanni (o próprio diretor Gianni di Gregorio), homem de meia idade que mora sozinho com a mãe (Valeria De Franciscis), já idosa; para conseguir uma graninha e pagar o aluguel do apartamento, ele resolve acolher em sua casa a mãe do síndico do prédio, outra velhinha. A partir daí, mais senhoras passarão a fazer estadia na casa, aos cuidados de Giovanni.
O Grupo Baader Meinhof (Der Baader Meinhof Komplex, Alemanha, 2008)
Dir: Uli Edel
Esse filme é uma bagunça. Na tentativa de contar a história de forma ágil e eletrizante, o diretor Uli Edel passa por cima de fatos e personagens e deixa o espectador à mercê de uma narrativa que não dá tempo pra respirar nem digerir o que é jogado na tela. De fato, é tarefa muito complexa dar conta num único filme da história do grupo alemão formado no pós-guerra que tinha a intenção de combater um certo fascismo com tendências a retornar aos centros do poder político na Alemanha, mas passou a agir de forma tão brutal e anárquica que acabou gerando uma onda de violência e caos no país.
NASCIDO EM BORDÉIS é um doc que dá até dor de ver.
Putz, esperava coisa melhor de BAADER MEINHOF, mas ainda quero ver.
Também esperava mais de Baader Meinhof, mas até que gostei do filme… só acho que ele carrega um pouco demais nas tintas negativas dos membros do grupo: os líderes são maquiavélicos e manipuladores, os outros jovens são todos vítimas alienadas nas mãos deles… parece uma visão meio VEJA de mundo… hehe. Enfim, mas acho que vale o registro histórico, e essa agilidade do filme me agradou.
Quero ver Nome Próprio…
Eu fiquei meio que na mesma depois de assistir a "Almoço em agosto". Não que tenha achado ruim, mas também não me envolvi. Tem seus encantos pela simplicidade e pela simpatia das velhinhas. Mas acho que o argumento poderia ter sido mais trabalhado.
Abs!
Só assisti a "Nome Próprio" e acho um filme interessantíssimo, especialmente porque tem uma Leandra Leal inspiradíssima!
esse foi um dos textos que melhor resumiu 'nome próprio' até hoje. mais do que um estudo de personagem, um filme de atriz – que o carrega sem pena.
não vi os outros, embora a vontade de assistir ao alemão seja maior – ou nem tanto, pensando e lendo bem.
abraço!
Gustavo, eu também esperava coisa bem melhor do Baader Meinhof. É mais um indicativo de como a Academia é política, ou pelo menos tenta se mostrar politizada. O Nascidos em Bórdeis é mesmo de cortar o coração, poderia ser melhor se não fosse tão autoimportante.
Wallace, "visão VEJA de mundo" foi muito bom, hahahaha. E o filme carrega mesmo nesse maniqueísmo além de ser uma bagunça só querendo ser dinâmico. Tava com muita paciência pra ver esse filme.
Dudu, isso mesmo, o filme é meio apático, a gente termina e di: "Sim, e dái?". Filme acomodado porque as histórias das velhinhas poderiam ser bem mais exploradas.
De fato Kamila, a Leandra Leal é a melhor coisa do filme.
Leandro, como disse acima à Kamila, Leandra Leal é a melhor coisa do filme que se aproveita bastante do talento dela e constrói sua personagem até o limite do grotesco. Para assistir ao alemão precisa um tanto de disposição. Mas tente, quem sabe?