Dir: Lee Daniels
Confesso que tinha um medo enorme desse filme pois prometia ser mais uma história de superação depois que sua protagonista passasse por todo tipo de problemas e humilhações. Na verdade, Claireece Precious Jones (a novata e talentosa Gabourey Sidibe) passa mesmo por uma via crucis atormentadora. Mas existe uma dignidade tão grande em sua história, e um tratamento que busca fugir da tão temida autopiedade, que o filme se mostra como uma das grandes surpresas desse período de premiações.
Ela está grávida pela segunda vez de seu próprio pai, já tendo uma filha com síndrome de down com ele. Mora com a mãe controladora e agressiva que a trata como uma escrava, mas vive da pensão que a filha ganha da assistência social por ter uma filha especial. Negra e obesa, Claireece é o triste retrato de tantas outras meninas que vivem situações de abuso doméstico.
Portanto, o filme não podia ser menos que doloroso, acompanhado de inevitáveis lágrimas e pesares (daí se justifica uma fotografia quente e sufocante, com tons fortes, principalmente no ambiente opressor de sua casa). A decisão de enfrentar sua mãe em prol de uma alternativa melhor de vida gera o tipo de embate do qual ela não pode sair ilesa.
A ajuda que consegue num programa educacional junto a outras meninas “problemáticas”, e principalmente com o apoio de sua professora (a ótima Paula Patton), é o suporte para uma nova caminhada, mesmo que ainda cheio de pedras. Assim, Lee Daniels não poupa sua protagonista de todas suas limitações acumuladas (como o fato de ser analfabeta).
Se Gabourey Sidibe se sai muito bem ao adotar um tom bem natural, uma vez que ela nunca atuou num filme, é Mo’Nique quem entrega a melhor interpretação. A mãe tediosa que ela vai construir parecia presa a um estereótipo perigoso, mas mostrará suas razões num dos momentos mais marcantes do filme, muito embora não esteja procurando uma redenção, pois continuaremos a odiá-la. E a desejar um futuro melhor para Claireece, apesar do tortuoso e difícil caminho que ainda encontrará pela frente.
Opa, Rafael. Também gostei de Preciosa!Mas a direção do Lee Daniels é meio desajeitada, achei que poderia ser mais sutil.
Você destacou a Paula Patton, mas eu gostei mesmo da participação da Mariah Carey, a cena que você citou entre ela, a mãe e filha é realmente um dos grandes momentos do ano.
As premiações estão um saco este ano,os resultados sempre iguais, mas, realmente, não dá pra não premiar a Mo'Nique. "Who, who's gonna love me?". De arrepiar.
Definiu bem, não é uma história clichê de superação de limites nesta sociedade de ascensão onde se vive. Na verdade, é uma história doída, sofrida que acarreta esperança, mas que nunca se define por piedade.
Adorei a cena do choro inocente quando ela escreve em seu "diário" e relata as companheiras de escola à dor que sente no momento.
É muito drama! Isso nas mãos erradas é um desastre. Não parece o caso, já que só leio comentários positivos.
Abs!
Então João, também acho a direção do Lee sem grande brilho, mas acredito que com uma história dessas podia ser infinitamente pior, o cara podia botar tudo a perder. E sinceramente não gosto da atuação da Mariah Carey, ela carrega um sorrisinho no rosto como se não conseguisse levar aquilo tão a sério. Mas a cena do "acerto de contas" das três é sensacional.
Que bom que não é clichê, Lio, e nem forçado, coisa muito fácil de se acontecer em projetos assim. Como se o personagem precisasse de pena do espectador.
Dudu, é muito drama e sofrimento mesmo. Mas sei que algumas pessoas têm condenado o filme como piegas. Por mais que a direção não seja das mais sensacionais, pelo menos não põe a história a perder.
olá!
tb tinha muito medo do filme, achava a mesma coisa que você…
e fiquei muito satisfeito com o resultado.
a mulher que fez a precious está muito bem, mas, realmente, que é o grande destaque é Mo'Nique… sinistra!
Eu adorei este filme e em breve estarei escrevendo sobre ele. Acho que ele de fato de sobressai pelo que você destaca no post, que é o de fazer com que os abusos que Precious sofre não sejam gratuitos, ao ponto de compartilhar um pouco do mundo colorido que ela se imagina como uma estrela.
Este filme promete mexer com meu emocional, tenho a certeza disso. Infelizmente, não pude conferir, ainda.
Abraço!
Bruno, é bom se surpreender assim com um filme, né! Esse projeto tinha tudo para ser um saco.
Alex, essa opção do dietor é mesmo ótima, traz uma força muito grande ao filme, ao mesmo tempo que é bastante sincero.
Cristiano, realmente é difícil sair do filme em estado normal, não dá para ficar inpassível. Veja assim que puder.
É um filme carregado pelas atuações. A história parece ser a mesma retratada em diversos outros filmes da década de 90, mas o grande diferencial deste são as atuações marcantes!
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De fato Kah, é o mais marcante no filme. Mas que outros filmes da década de 90 seriam esses?