A primeira cena de A Troca, revelando o bairro onde mora a protagonista, se apresenta sob uma rápida fotografia em tom sépia, com o intuito de prenunciar o drama a ser vivido por Christine Collins (Angelina Jolie). Uma pena que o trajeto marcado pelo maldito maniqueísmo reduza tanto a história. E vindo de Clint Eastwood isso é um grande equívoco.
Certo dia, o filho de Christine desaparece misteriosamente. O Departamento de Polícia de Los Angeles procura em vão o garoto e acaba devovendo à mãe um filho que não é dela. Christine tenta, então, provar que foi enganada pelas autoridades.
Logo de início, o filme contrapõe forçadamente os lados da questão. Christine é a mãe solteira frágil e solitária, que precisa enfrentar um Departamento de Polícia corrupto e despreocupado com a verdade, representado pelo chefe de polícia J. J. Jones (Jeffrey Donovan). Um filme que poderia ganhar pela complexidade, prefere tornar seus personagens por demais rasos. No começo, o chefe de Christine a parabeniza pois o seu trabalho é tão bom como o de um homem (estamos na sociedade machista do final do século 20), mas ela se mostra totalmente sem ação diante da pressão da polícia em aceitar o garoto como filho.
Por outro lado, parece um tanto estúpido tentar forçar uma mãe a reconhecer um filho que não é seu. O filme se baseia em fatos reais, eu sei, mas nunca se revela o real motivo dessa atitude do DP de Los Angeles. Para piorar, surge o Reverendo Gustav Briegleb (John Malkovich) somente para ajudar a frágil Christine a denunciar os atos da polícia, pois não parece haver uma motivação maior. Se os atores coadjuvantes não passam de corretos, com excessão do maníaco Jason Butler Harner (o desconhecido Gordon Northcott), há de se honrar a atuação de Angelina Jolie, totalmente dona de sua personagem, com toda sua fragilidade. Muita gente achou seu trabalho exagerado, mas me parece mais um problema de roteiro. Enquanto a história vai se repetindo nesse embate forçado entre Christine e a polícia (com direito a envio dela ao manicômio), a narrativa ganha ainda um final dos mais moralistas, com os “culpados” sendo punidos por um júri diante de um público que aplaude vigorosamente as decisões.
O espectador é levado a se sentir justiçado, quase que masoquistamente pois presencia o sofrimento dos “culpados” como forma de contrapor o sofrimento pelo qual a protagonista passou. Tem direito até a liçãozinha de moral na última cena. O final do filme ainda se arrasta tempo demais depois do conflito ser “resolvido”. Até parece difícil acreditar que este é um fime de Clint Eastwood, selecionado em Cannes. Para se redimir, ele tratou logo de dirigir outra produção o mais rápido possível. Gran Torino tem previsão de lançamento no Brasil para fevereiro.
Eu realmente estou ansioso por “Gran Torino” e espero que esse seja um grande filme, afinal “A Troca” foi uma bela de uma decepção. Gostei da Jolie, mas nada mais me chamou a atenção em especial. Talvez o mais fraco do diretor…
Nossa, vi o filme ontem a noite e adorei. Nao espere por muito por Gran Torino, ou ira se decepcionar tb. Prefiro ele a A Troca, mas ambos sao grandes de uma mesma forma que desagradara um bocado de gente.
Estou em Salvador, e vc? Volto pra Conquista hoje a noite. Vejo Benjamin Button hj a tarde (provavelmente as 15hs no Salvador Shopping).
Abracos!
Rafael, eu não andava muito animado com esse filme, também aguardando mais o Gran Torino, mas nos úlimos dias meu interesse por A Troca aumentou bastante … não sei, mas os filmes do Eastwood sempre parecem trazer algo a mais do que aparentam. Ainda não estreou aqui, mas quando assistir, digo o que achei.
Eu ainda não vi, mas, tenho nojinho da Jolie! Vejamos…
Gostei muito, apesar de ter esperado mais.
Achei marcante a atuação da Jolie.
Abraços.
Eu não pude ir à cabine de imprensa de A troca. Portanto, agora, só quando for lançado em DVD – não me animo a ir ao cinema conferi-lo…
Abs!
Muito legal o seu blog, adorei!
Também gostei da Jolie, Vinícius, embora a decepção seja grande com o filme. Nem dava para acreditar que aquilo era Eastwood. Os momentos moralista do final quase me matarm do coração. Ali o filme despencou pra mim. E espero ansiosamente por Gran Torino.
Então Hélio, não fiquei assim tão satisfeito com A Troca, principalmente por conta do final moralista e com liçãozinha forçada. E acho bom eu nem criar espectativa em relação a Gran Torino então, já que as opiniões começam a divergir, vou tentar. Mas o trailer desse mais novo me vendeu um filme com a qualidade do Eastwood. Veremos. E estava também em Salvador, mas voltei na terça. Gostou de Benjamin Button?
Wallace, também tenho essa mesma impressão sobre os filmes do Eastwood, eles costumam se apofundar bastante, passar do convencional. Embora A Troca tenha me decepcionado, não dá para ignorar o velho Clint.
Fabiana, a Jolie me parece aquela atriz que sabe trabalhar bem, mas só quando quer. E aqui ela quis. Veja sem essa aversão. A Jolie é a melhor coisa do filme.
Bem Aline, mais um que discordamos, mas concordo que a Jolie está bem potente no filme.
Pois devia ir ao cinema Dudu, o trabalho de direção de arte, figurinos e fotografia são muito bons e merece uma boa sala de cinema.
Obrigado Blog Curtas, visitarei o espaço. E apareça mais vezes aqui.