Dir:
Breno Baptista, Luciana Vieira, Rodrigo
Fernandes, Samuel Brasileiro, Ticiana Augusto Lima e Victor Costa Lopes
Breno Baptista, Luciana Vieira, Rodrigo
Fernandes, Samuel Brasileiro, Ticiana Augusto Lima e Victor Costa Lopes
Um
coletivo de jovens realizadores trouxe para o festival de Tiradentes o primeiro
filme da competição na Mostra Aurora. O
Animal Sonhado é um esforço conjunto de jovens que estão concluindo ou acabaram de terminar o curso
de cinema no Ceará. Impressionam mesmo pela maturidade com que exploram um tema
tão subversivo.
coletivo de jovens realizadores trouxe para o festival de Tiradentes o primeiro
filme da competição na Mostra Aurora. O
Animal Sonhado é um esforço conjunto de jovens que estão concluindo ou acabaram de terminar o curso
de cinema no Ceará. Impressionam mesmo pela maturidade com que exploram um tema
tão subversivo.
O
filme possui alto teor erótico e acompanha pequenas histórias de jovens que
lidam com a pulsão sexual e os desejos do inconsciente. Trata-se um filme-mosaico,
formado por vários episódios, mas muito coesos entre si. A própria maneira
muito fluida com que passamos de uma história a outra já revela a unidade do
filme.
filme possui alto teor erótico e acompanha pequenas histórias de jovens que
lidam com a pulsão sexual e os desejos do inconsciente. Trata-se um filme-mosaico,
formado por vários episódios, mas muito coesos entre si. A própria maneira
muito fluida com que passamos de uma história a outra já revela a unidade do
filme.
A
coerência narrativa encontra-se tanto na temática, quanto na estrutura formal, o que revela uma sintonia muito grande entre seus realizadores: Breno Baptista, Luciana Vieira, Rodrigo
Fernandes, Samuel Brasileiro, Ticiana Augusto Lima e Victor Costa Lopes. É importante
citar cada um deles porque, sendo muito jovens, alimenta uma curiosidade de
vê-los seguindo adiante, já que todos filmam sexo muito bem, artigo cada vez
mais difícil no cinema recente.
coerência narrativa encontra-se tanto na temática, quanto na estrutura formal, o que revela uma sintonia muito grande entre seus realizadores: Breno Baptista, Luciana Vieira, Rodrigo
Fernandes, Samuel Brasileiro, Ticiana Augusto Lima e Victor Costa Lopes. É importante
citar cada um deles porque, sendo muito jovens, alimenta uma curiosidade de
vê-los seguindo adiante, já que todos filmam sexo muito bem, artigo cada vez
mais difícil no cinema recente.
O sexo aqui é visto ausente de moralismos e também
sem fetichismos baratos. Trata-se um retrato muito cru das relações entre
jovens quando o tesão fala mais alto. Um filme altamente provocador,
mas nunca gratuito, ainda que algumas histórias não passem de uma situação
pontual (os amigos mais que amigos do início, o pai tarado), enquanto outras investem
pesado na introspecção (a garota mais gordinha) e no subconsciente (o bacanal
que fecha o filme).
sem fetichismos baratos. Trata-se um retrato muito cru das relações entre
jovens quando o tesão fala mais alto. Um filme altamente provocador,
mas nunca gratuito, ainda que algumas histórias não passem de uma situação
pontual (os amigos mais que amigos do início, o pai tarado), enquanto outras investem
pesado na introspecção (a garota mais gordinha) e no subconsciente (o bacanal
que fecha o filme).
Todas as histórias exploram muito apropriadamente os
corpos dos seus atores e também as taras que muitas vezes permanecem encerradas
nos pensamentos. Em muitos momentos é possível questionar o que
está acontecendo de fato e o que é fruto da imaginação deles. É talvez essa
marca dos desejos reprimidos e inconfessáveis (somos, nós, espectadores, os privilegiados
então) que faz unir tão bem esses contos que exploram a tensão do tesão.
corpos dos seus atores e também as taras que muitas vezes permanecem encerradas
nos pensamentos. Em muitos momentos é possível questionar o que
está acontecendo de fato e o que é fruto da imaginação deles. É talvez essa
marca dos desejos reprimidos e inconfessáveis (somos, nós, espectadores, os privilegiados
então) que faz unir tão bem esses contos que exploram a tensão do tesão.
Teobaldo Morto,
Romeu Exilado
(Idem, Brasil, 2015)
Romeu Exilado
(Idem, Brasil, 2015)
Dir:
Rodrigo de Oliveira
Rodrigo de Oliveira
O
segundo dia da mostra competitiva em Tiradentes trouxe um filme mais
desafiador. Teobaldo Morto, Romeu Exilado,
do capixaba Rodrigo de Oliveira, é um conto solene e introspectivo sobre dois
homens que se confrontam em situação inusitada. Tem lá seus preciosismos de
encenação (talvez muito disso), mas é possível colher ali bons momentos.
segundo dia da mostra competitiva em Tiradentes trouxe um filme mais
desafiador. Teobaldo Morto, Romeu Exilado,
do capixaba Rodrigo de Oliveira, é um conto solene e introspectivo sobre dois
homens que se confrontam em situação inusitada. Tem lá seus preciosismos de
encenação (talvez muito disso), mas é possível colher ali bons momentos.
O filme começa com algo de muito afetuoso na
maneira como João (Alexandre Cioletti) deixa a mãe e a esposa grávida para
partir numa espécie de retiro numa fazenda. Lá ele tem a inesperada visita de
Max (Rômulo Braga), um antigo amigo dado como morto, o que reacende traumas e
feridas do passado.
maneira como João (Alexandre Cioletti) deixa a mãe e a esposa grávida para
partir numa espécie de retiro numa fazenda. Lá ele tem a inesperada visita de
Max (Rômulo Braga), um antigo amigo dado como morto, o que reacende traumas e
feridas do passado.
A história logo assume um tom mais duro, com algo
também de onírico (e posteriormente mitológico), além de marcar desde o início
um tom muito não-naturalista. Tudo acentua o desconforto que aquele encontro
gera, à medida que vamos entendendo os embates que existem entre eles, fazendo
aflorar as mágoas e obrigando o acerto de contas.
também de onírico (e posteriormente mitológico), além de marcar desde o início
um tom muito não-naturalista. Tudo acentua o desconforto que aquele encontro
gera, à medida que vamos entendendo os embates que existem entre eles, fazendo
aflorar as mágoas e obrigando o acerto de contas.
É
certamente um trabalho que exige do espectador um tipo de entrega que o filme
pouco retribui. As duas horas de duração podem cansar até mesmo os mais
exigentes e a impressão é de um diretor que não consegue enxugar sua narrativa,
deixando-a inchada, em prol de um tom misterioso e nunca óbvio que a história
assume. Existe um apego nítido por uma plasticidade que corre o risco de soar
gratuita muitas vezes.
certamente um trabalho que exige do espectador um tipo de entrega que o filme
pouco retribui. As duas horas de duração podem cansar até mesmo os mais
exigentes e a impressão é de um diretor que não consegue enxugar sua narrativa,
deixando-a inchada, em prol de um tom misterioso e nunca óbvio que a história
assume. Existe um apego nítido por uma plasticidade que corre o risco de soar
gratuita muitas vezes.
Mas
não deixa de ser uma evolução no cinema que Rodrigo de Oliveira faz. Seu filme
anterior, Horas Vulgares, é bem mais
pretensioso esteticamente, verborrágico e pouco acessível. Afasta mais do que
gera interesse. Aqui nesse novo projeto o diretor se mostra muito mais seguro
das opções estéticas de que lança mão, só precisava de um pouco de freio.
não deixa de ser uma evolução no cinema que Rodrigo de Oliveira faz. Seu filme
anterior, Horas Vulgares, é bem mais
pretensioso esteticamente, verborrágico e pouco acessível. Afasta mais do que
gera interesse. Aqui nesse novo projeto o diretor se mostra muito mais seguro
das opções estéticas de que lança mão, só precisava de um pouco de freio.
O plano longo, com
poucos e lentos movimentos de câmera, o apreço pelo tempo morto, tudo é muito
melhor trabalhado aqui, o que demonstra um cineasta que domina o tipo de
linguagem que prefere utilizar para compor um certo estilo. O filme tem momentos
de muita força estética e dramática (a entrada em cena de Max, a briga entre os
dois em campo aberto, o inesperado “entendimento” que surge entre
eles da forma mais íntima possível), mas teria maior impacto se exercitasse
melhor a síntese.
poucos e lentos movimentos de câmera, o apreço pelo tempo morto, tudo é muito
melhor trabalhado aqui, o que demonstra um cineasta que domina o tipo de
linguagem que prefere utilizar para compor um certo estilo. O filme tem momentos
de muita força estética e dramática (a entrada em cena de Max, a briga entre os
dois em campo aberto, o inesperado “entendimento” que surge entre
eles da forma mais íntima possível), mas teria maior impacto se exercitasse
melhor a síntese.