A primeira parte do episódio final da saga Harry Potter ultrapassa a metade da história original, deixando para essa continuação todo o clímax que culmina com o tão esperado embate final entre Harry e Lord Voldemort. Daí uma certa preocupação de que o tom apoteótico tomasse de exagero o filme, coisa que não acontece aqui, felizmente.
David Yates, depois que assumiu a franquia a partir do quinto filme, sempre foi competente em estabelecer um clima de perigo e aventura, embora nunca passasse do mediano (O Prisioneiro de Azkaban continua sendo o melhor de todos os filmes, dirigido seguramente por Alfonso Cuarón).
Por outro lado, esse tom muito sóbrio evita que o filme se arrisque em voos mais altos e ousados. Por mais que exista uma tensão bem sentida aqui, o filme não assume de todo a seriedade, contendo vários momentos de alívio cômico (como quando a Profª McGonagall traz as estátuas de pedra à vida para protegerem o castelo, e ela acaba revelando, animada, que sempre quis fazer aquele feitiço).
O fato de se tratar da conclusão da história é o que garante todo o interesse desse filme, caso contrário seria igual aos três últimos, pelo menos. A impressão que fica é de que o final não foi tão grandioso como a história prevê, mas fecha bem uma série que já vinha se repetindo. Na verdade, é um resultado louvável para uma franquia com nada menos do que oito filmes.
De qualquer forma, a velha bronca da historia que parece reciclada e atropelada pelo tanto de informações que precisa mastigar na tela continua existindo, atenuada pelo fato de se tratar de uma parte reduzida do último livro, mas que tem de fechar várias pontas deixadas pela própria história no seu decorrer.
Encontramos Harry e seus fiéis companheiros, Rony e Hermione, prestes a encontrar e destruir mais horcruxes, objetos malignos que contém partes da alma de Voldemort, maneira de enfraquecer o vilão antes do confronto anunciado dele com Harry. Por sua vez, o lorde, de posse da Varinha das Varinhas, roubada do túmulo de Dumbledore, já se sente confiante para atacar Hogwarts e atrair Harry para seu fim.
Além de todo o confronto na escola que precisava realmente de tempo para se desenvolver, e que é um dos pontos centrais da história (inclusive com um ótimo embate prévio entre Harry e Voldemort que não existe no livro), o filme encontra ainda momentos para dar conta de sua carga emotiva. Faz isso com três sequências seguidas e devastadoras, dignas da emoção que carregam. Há toda a desconstrução da figura de Snape como bruxo maléfico, revelando o homem apaixonado por trás de toda a frieza, a demonstração da amizade do trio principal, e, a melhor de todas, o “encontro” de Harry com o pai, a mãe e o padrinho Sirius. Merecem todas as lágrimas derramadas.
Com um uso totalmente descartável do 3D (cada vez mais se firmando como um modismo a caça de lucro por parte dos estúdios), a saga Harry Potter chega ao fim com mais fôlego do que se poderia imaginar. É o encerramento digno de uma das maiores e mais lucrativas franquias que o cinema comercial construiu nos últimos tempos.
Eu daria uma estrelinha a mais, hehe, mas concordo que o filme falta muito, apesar de ser um bom encerramento. A cena cômica de Minerva não me incomodou, até ri com vontade. Mas, a forma como ele manteve Neville como um personagem cômico, me incomodou um pouco, afinal, ele se torna essencial no final. De qualquer forma, com furos no roteiro e alguns outros problemas, o 7.2 representa muito mais do que um filme, é o fechamento de dez anos de filme. Por isso, não deixa de ser grandioso.
bjs
Pelo seu texto, pensei que a cotação seria bem maior… Mas sou suspeito para falar, já que achei esse filme perfeito! Até agora, o meu favorito do ano – e acho difícil perder esse posto!
Amanda, achava que você não tinha gostado tanto quanto eu gostei, mas pelo visto foi mais. A cena da piada que a Minerva faz também não me incomodou, mas os alívios cômicos d o filme em geral enfraquecem o tom pesado do filme. E concordo que seja uma boa conclusão pra série.
Matheus, é porque o filme possui os mesmos probleminhas que os anteriores, embora seja uma conclusão bem boa pra série. Agora, em ser o melhor do ano é um baita de um exagero, não acha? Pense com cuidado. rsrs