A Classe
Operária Vai ao Paraíso (La Classe Operaia Va in Paradiso, Itália, 1971)
Dir:
Elio Petri
Elio Petri
Do
cinema político que frutificou na Itália no pós-guerra e por um bom tempo
depois disso, retomando com força na década de 60 e 70, A Classe Operária Vai ao Paraíso não é só
um de seus principais expoentes, mas um filme de grande envergadura poética.
Uma poética-política, digamos. Sem soar panfletário, Elio Petri faz uma obra
contundente e narrativamente rica, claramente militando pelas causas comunistas do operariado, mas nunca meramente denuncista.
cinema político que frutificou na Itália no pós-guerra e por um bom tempo
depois disso, retomando com força na década de 60 e 70, A Classe Operária Vai ao Paraíso não é só
um de seus principais expoentes, mas um filme de grande envergadura poética.
Uma poética-política, digamos. Sem soar panfletário, Elio Petri faz uma obra
contundente e narrativamente rica, claramente militando pelas causas comunistas do operariado, mas nunca meramente denuncista.
Estão
lá os trabalhadores conscientes da exploração capitalista panfletando e
tentando angariar apoio entre seus iguais que caminham em direção à fabrica
onde irão passar o dia, labutando para ganhar bem menos do que merecem, sem
outros direitos. Um dos maiores trunfos do filme é se apegar a um
protagonista inicialmente distante dos ideais socialistas da luta de classes.
Controverso, bruto e mesmo assente com o tratamento que a fábrica dá aos seus
funcionários, Lulù Massa (Gian Maria Volonté), ele mesmo tido como um modelo
de bom operário, vê-se obrigado a encarar o lado fraco da corda, o mesmo em que
ele se encontra, mas do qual não enxergava (ou não queria enxergar) as
explorações sofridas. Até perder um de dos dedos numa máquina do trabalho e
sentir, literalmente na pele, o que significa ser desvalorizado por aqueles a quem
doa sua força de trabalho.
lá os trabalhadores conscientes da exploração capitalista panfletando e
tentando angariar apoio entre seus iguais que caminham em direção à fabrica
onde irão passar o dia, labutando para ganhar bem menos do que merecem, sem
outros direitos. Um dos maiores trunfos do filme é se apegar a um
protagonista inicialmente distante dos ideais socialistas da luta de classes.
Controverso, bruto e mesmo assente com o tratamento que a fábrica dá aos seus
funcionários, Lulù Massa (Gian Maria Volonté), ele mesmo tido como um modelo
de bom operário, vê-se obrigado a encarar o lado fraco da corda, o mesmo em que
ele se encontra, mas do qual não enxergava (ou não queria enxergar) as
explorações sofridas. Até perder um de dos dedos numa máquina do trabalho e
sentir, literalmente na pele, o que significa ser desvalorizado por aqueles a quem
doa sua força de trabalho.
Lulù,
mesmo que reticente, vai aderindo às lutas de classe, inicialmente numa posição
mais de observador do que de alguém próximo a um agitador politizado levantando
bandeiras e empunhando cartazes. Ele continua trabalhando, olha ao redor, se sente
confuso apertado contra forças antagônicas, e assim vai passando por
transformações ideológicas a fim de defender seus direitos como trabalhador,
mesmo que à margem da luta, estranhando seu novo posto de opositor ao sistema.
mesmo que reticente, vai aderindo às lutas de classe, inicialmente numa posição
mais de observador do que de alguém próximo a um agitador politizado levantando
bandeiras e empunhando cartazes. Ele continua trabalhando, olha ao redor, se sente
confuso apertado contra forças antagônicas, e assim vai passando por
transformações ideológicas a fim de defender seus direitos como trabalhador,
mesmo que à margem da luta, estranhando seu novo posto de opositor ao sistema.
Nesse
sentido, é um filme de tomada de consciência, muito embora o tom nunca é de
adesão total a uma causa. Os acordes da música de Ennio Morricone sugerem desde
o início uma atmosfera combativa, que martela, como uma chamada para a ação,
prenúncio dos enfrentamentos ideológicos e mesmo de força física entre trabalhadores
e patrões. A montagem, por sua vez, é tomada por essa energia com seus cortes
secos e rápidos, fazendo ver a urgência de uma atitude a ser assumida diante do
descaso.
Daí
que A Classe Operária Vai ao Paraíso
é um filme irado, agressivo, tanto pelo próprio ritmo da narrativa, quanto pela
atitude de seus personagens. Mistura o temperamento estourado do sangue quente
latino com a própria veia politizada com que a classe operária defende seus
direitos. Lulù grita com sua esposa e o filho pequeno desta, briga com os
próprios companheiros (até para se fazer escutar por sobre o barulho das
máquinas), assim como os operários gritam para engrossar a luta e demarcar a
posição de firmeza frente a necessidade de reivindicar. Assim, o clima é sempre de combate, duro.
que A Classe Operária Vai ao Paraíso
é um filme irado, agressivo, tanto pelo próprio ritmo da narrativa, quanto pela
atitude de seus personagens. Mistura o temperamento estourado do sangue quente
latino com a própria veia politizada com que a classe operária defende seus
direitos. Lulù grita com sua esposa e o filho pequeno desta, briga com os
próprios companheiros (até para se fazer escutar por sobre o barulho das
máquinas), assim como os operários gritam para engrossar a luta e demarcar a
posição de firmeza frente a necessidade de reivindicar. Assim, o clima é sempre de combate, duro.
Palma
de Ouro em Cannes em 1972 (dividindo o prêmio com outro exemplar do cinema
político italiano, O Caso Mattei, de
Francesco Rosi), o filme faz um reverência aos trabalhadores e suas batalhas
por dignidade no campo trabalhista. Por mais promissores que sejam os ganhos alcançados
(e o próprio Lulù nem parece compreender exatamente o que significam), as
conquistas ideais parecem ainda distantes. Distantes como no paraíso aonde só é
possível chegar no sonho. Enquanto isso, a máquina do capital continua
a ser girada por mãos calejadas.
de Ouro em Cannes em 1972 (dividindo o prêmio com outro exemplar do cinema
político italiano, O Caso Mattei, de
Francesco Rosi), o filme faz um reverência aos trabalhadores e suas batalhas
por dignidade no campo trabalhista. Por mais promissores que sejam os ganhos alcançados
(e o próprio Lulù nem parece compreender exatamente o que significam), as
conquistas ideais parecem ainda distantes. Distantes como no paraíso aonde só é
possível chegar no sonho. Enquanto isso, a máquina do capital continua
a ser girada por mãos calejadas.
Rapaz, assisti a esse filme numa sessão de péssima qualidade, organizado pelo DCE (ou por algum diretório acadêmico) da UFF, quando cursava mestrado. Preciso rever, até porque na época achei-o apenas bom.
Wallace, eu achei fenomenal desde o início. Existe uma noção de ritmo que incita a ação (política, no caso) muito acentuada. Além da história não ser em momento algum meramente denuncista. Como disse um crítico aqui da Bahia, é a diferença entre o engajado e o panfletário.