Dir: Olivier Dahan
Acompanhamos os momentos mais importantes de sua vida, desde quando sua mãe a abandonou ainda garotinha para tentar a carreira musical (sem sucesso) até as agonias de seus últimos dias. A diferença é que essa trajetória é totalmente não-linear compondo um belo quebra-cabeça facilmente montado.
Dizem que nenhuma cantora cantou o amor tão bem e com tanta emoção. Mas engana quem pensa que sua vida foi um mar de rosas. E o filme é bastante exato ao mostrar as dificuldades e sofrimentos que desde pequena ela teve de enfrentar: depois de abandonada por sua mãe, é criada pela avó num prostíbulo sendo retirada de lá por seu pai que explorava seu talento nas ruas. Só depois que foi descoberta pelo dono de uma casa de espetáculos pôde realmente aperfeiçoar seu talento, mas será acusada do assassinato dele e ainda sofrerá por não poder concretizar o romance com o homem a quem amava. Todo esse sofrimento pode ser observado e refletido pela própria mudança física a qual a atriz-personagem sofre durante a película.
E aqui entra o maior mérito do filme: sua atriz principal. Marion Cotillard está soberba como a protagonista, numa atuação que até assusta pela sua enorme expressividade. Sua construção e caracterização são impressionantes, sendo impossível não se maravilhar com um trabalho tão detalhista. Primeiro porque ao acompanharmos praticamente toda a história de sua vida, podemos testemunhar sua transfiguração física, da menina agitada à rabugenta e adoentada mulher, e depois pela intransigência e forte personalidade que gera excesso, principalmente na forma arrogante de tratar a maioria daqueles que estão a seu redor (algo compreensível para quem passou por tanta dificuldade).
Tecnicamente o filme também é um primor. A fotografia é de beleza plástica, e a trilha sonora de um encanto tal que nos dá a oportunidade de conhecer parte do repertório da cantora além de seu grave vozeirão. A direção de Oliver Dahan também se mostra segura, abusando da câmera na mão e da construção de alguns planos-sequências (e é de um deles a melhor cena do filme, quando ela é informada sobre a perda de alguém muito querido).
Amargurada, viciada em morfina e remédios para as dores constantes que sentia, sofrendo com problemas motores, somos testemunhas do quanto a sua vida foi intensa, da qual ela parece não ter se arrependido (como mostra os momentos finais ao som da bela Non Je Ne Regrette Rien). Sua obra pode ser uma ode ao amor, mas sua vida, infelizmente, foi desprovida do maior dos sentimentos.
PS: Marion Cotillard também aparece no elenco de Maria, que resenhei há alguns dias, e ver a atriz sem a caracterização da cantora francesa só faz com sua metamorfose seja ainda mais surpreendente.
Impossível não dar atenção ao filme já que quase todos os blogueiros cinéfilos (falando nisso vc ta na comuna né!? vc pouco aparece por lá…) falaram do filme com ótimas críticas, como vc fez…
Um trabalho biográfico sempre me fascina…pelo que parece, este é um trabalho cinematográfico acima de tudo! Características como montagem, edição e fotografia é essêncial….
Vou conferir!
Abraço (Mr. Mestre Pedro Almodóvar no Eco Social)
Rafa, queria muito mesmo ver esta cine biografia de Edith Piaf, mas no circuito andreense não deu um espaço para o filme. As canções dela realmente são transbordadas de emoção, e isto se nota a cada momento que ouvimos. Deve ser um grande filme!
É um tipo de produção que tem o estilo de “chegar” até o cinema do meu balneário, por isso torço para que não demore – pois quero conferir a primeira candidata real a Oscar de 2008.
Realmente pessoal é complicado quando queremos ver um filme e não chega nos cinemas. Mas digo que vale a pena esperar. E realmente Felipe, A Cotillard é a candidata em maior potencial para ganhar o Oscar até então e não sei se alguém irá bater ela não.
Todo mundo já assistiu este filme menos eu… Vou continuar esperando que ele estréie por aqui.