Frei Fernando, como é para o senhor ser personagem de um filme?
No caso desse filme, eu acho interessante porque tudo aquilo que a gente quis dizer para o grande público, não tínhamos tido oportunidade. Quando os fatos aconteceram, nós estávamos e plena Ditadura com uma censura muito forte. O SNI (Serviço Nacional de Informação) dava o tom das notícias, de modo que uma série de inverdades e calúnias eram passadas para o povo. Hoje a gente tem essa oportunidade de dar um depoimento histórico, deixar registrado e isso está sendo passado para o grande público, a versão real. Além disso, esse filme está sendo uma grande oportunidade para que os jovens debatam qual a atitude política que se deve ter hoje. Um grupo de jovens tomou essa atitude no final da década de 60, mas e hoje? Qual é o projeto político que os jovens estão querendo, qual é a atitude política? Eu acho que é esse o debate atual. Não só o jovem, mas também aqueles que já têm uma juventude acumulada como eu.
Qual a sua reação quando soube que ia ser feito um filme tendo o senhor como personagem? O senhor participou desde o início?
Eu soube desde o início porque o diretor Helvécio Ratton foi de uma honestidade muito grande. Ele chamou todos os personagens principais e tivemos uma conversa com os atores. Passamos dois dias debatendo o filme, não só relembrado os fatos, mas também debatendo com o pessoal. Daí eles puderam ver como é que a gente agia. Eu, por exemplo, falo com as mãos e ele não sabia disso.
Agora a gente fala com Léo Quintão que é o ator que interpreta o Frei Fernando. Como surgiu o convite para fazer o filme?
Eu fiz um teste em dezembro de 2005 e em janeiro, quando eu estava na Mostra de Cinema de Tiradentes, fui avisado que eu tinha passado no teste. Foi um prazer imenso.
Como foi o processo de construção do personagem?
Primeiro a gente teve vários encontros, como o frei falou e ademais a família dele é de Belo Horizonte, a gente teve alguns contatos. Tivemos um preparador de elenco que foi o Sérgio Penna, que já preparou o elenco de Bicho de Sete Cabeças, Carandiru. Então foi um exercício de um mergulho total dentro da história, que eu não vivi, eu nasci depois dela. Mas eu tinha que mergulhar o máximo, evidentemente fazendo o meu Frei Fernando, claro que com características dele. Eu estou contando a história de um personagem vivo, mas não estou imitando.
É muita responsabilidade. E também porque é uma história terrível, muito forte. A gente tem que ter consciência de que isso nunca pode voltar. Uma situação como essa é inadmissível. E foi um prazer também, Frei Fernando é uma ótima pessoa, de ótimo convívio. Eu ganhei um amigo.
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opa! deve estar bem interessante a mostra… ainda não assisti batismo de sangue, ams olhando seus comentários, minha vontade cada vez aumenta mais em assistir O Cheiro do Ralo
Essa Mostra tem assunto até pro ano que vem!
Falando nisso, amei Cão sem Dono e Estamira é uma sábia.
Bjos!
Incrível esse contato com os artistas – e até mesmo com as pessoas que inspiraram suas atuações.
Nem tinha imaginado que Frei Fernando ainda estava vivo (o que é ridículo, pois ele era jovem na época e não se passou tanto tempo assim).
Parabéns pelas matérias e entrevistas, Rafael.
Inveja dessa mostra…mas o que adianta minha inveja, quando a cidade em que vivo está pouco se importando de não possuir nenhuma mostra de cinema!
Bacana a entrevista…
Admiro esse trabalho de informatizar em cima da informação! O Frei deve estar mais do que feliz…
Abraço!