Casa
Grande (Idem, Brasil, 2014)
Grande (Idem, Brasil, 2014)
Dir: Fellipe Barbosa
Não é tarefa das mais fáceis fazer um filme sobre um
rito de passagem adolescente e com forte teor de crítica social. Casa Grande é um ótimo exemplo desse
tipo de construção narrativa que levanta uma série de questões socioeconômicas e de classes,
além de injetar humor ácido e apresentar protagonista carismático. O resultado
é o melhor longa-metragem nessa competição em Paulínia.
rito de passagem adolescente e com forte teor de crítica social. Casa Grande é um ótimo exemplo desse
tipo de construção narrativa que levanta uma série de questões socioeconômicas e de classes,
além de injetar humor ácido e apresentar protagonista carismático. O resultado
é o melhor longa-metragem nessa competição em Paulínia.
Há o peso de uma história nacional marcada por
desigualdade social e forte concentração de renda. Com olhar voltado para uma
família ricaça do Rio de Janeiro, o filme acompanha Jean (Thales Cavalcanti), batendo
de frente com o pai (Marcello Novaes) que carrega o segredo da bancarrota das
finanças da família. Garoto superprotegido, luta para respirar fora das amarras
e paranoias de um cultura elitista.
desigualdade social e forte concentração de renda. Com olhar voltado para uma
família ricaça do Rio de Janeiro, o filme acompanha Jean (Thales Cavalcanti), batendo
de frente com o pai (Marcello Novaes) que carrega o segredo da bancarrota das
finanças da família. Garoto superprotegido, luta para respirar fora das amarras
e paranoias de um cultura elitista.
Primo rico de O
Som ao Redor, Casa Grande não tem
medo de discutir questões sociais e raciais que são, no fundo, a base dessa
história. Por meio da trajetória de Jean, sua relação de proximidade com a empregada
doméstica e o motorista da família – laços muito calorosos aí –, também com uma paixonite por menina de pele morena e de escola pública, o roteiro ganha
nuances várias, sem fugir de temas espinhosos, mas também longe de panfletarismos.
A discussão em torna das cotas, por exemplo, ganha embates e contrapontos interessantes
entre polos díspares.
Som ao Redor, Casa Grande não tem
medo de discutir questões sociais e raciais que são, no fundo, a base dessa
história. Por meio da trajetória de Jean, sua relação de proximidade com a empregada
doméstica e o motorista da família – laços muito calorosos aí –, também com uma paixonite por menina de pele morena e de escola pública, o roteiro ganha
nuances várias, sem fugir de temas espinhosos, mas também longe de panfletarismos.
A discussão em torna das cotas, por exemplo, ganha embates e contrapontos interessantes
entre polos díspares.
O texto do filme é bem lapidado, incluso aí um
bom-humor que investe em tiradinhas engraçadas, sem nunca escorregar para o
riso rasgado. Barbosa também valoriza demais o trabalho dos atores, todos muito
bons. Prefere o plano longo, com câmera movendo-se com parcimônia, e abre
espaço para que suas muitas questões e nuances estejam em cena. É um trabalho
notável para um jovem cineasta que chega a seu primeiro longa de ficção.
bom-humor que investe em tiradinhas engraçadas, sem nunca escorregar para o
riso rasgado. Barbosa também valoriza demais o trabalho dos atores, todos muito
bons. Prefere o plano longo, com câmera movendo-se com parcimônia, e abre
espaço para que suas muitas questões e nuances estejam em cena. É um trabalho
notável para um jovem cineasta que chega a seu primeiro longa de ficção.
Sangue
Azul (Idem, Brasil, 2014)
Azul (Idem, Brasil, 2014)
Dir: Lírio Ferreira
O circo Netuno chega a uma ilha paradisíaca para se
apresentar na pequena cidade. Chega também o filho pródigo que retorna ao lar
como novo homem, agora com nome mudado, artístico. É Zolah (Daniel de
Oliveira), o Homem Bala do circo, separado da irmã (Caroline Abras) pela mãe
(Sandra Coverloni) ainda quando crianças. É esse reencontro que abala o destino
da família, faz reviver uma aproximação proibida entre os irmãos, ainda que
muito dos embates entre eles estão nas entrelinhas, revelando-se aos poucos na narrativa.
apresentar na pequena cidade. Chega também o filho pródigo que retorna ao lar
como novo homem, agora com nome mudado, artístico. É Zolah (Daniel de
Oliveira), o Homem Bala do circo, separado da irmã (Caroline Abras) pela mãe
(Sandra Coverloni) ainda quando crianças. É esse reencontro que abala o destino
da família, faz reviver uma aproximação proibida entre os irmãos, ainda que
muito dos embates entre eles estão nas entrelinhas, revelando-se aos poucos na narrativa.
Sangue Azul, do pernambucano Lírio Ferreira, traz a Paulínia a
magia perdida do espetáculo mambembe, mas é também um conto sobre origens e amores
tolhidos. Há uma série de personagens que chegam com o circo, cada qual com seus
conflitos e angústias pessoais, agitando a rotina pacata do lugar.
magia perdida do espetáculo mambembe, mas é também um conto sobre origens e amores
tolhidos. Há uma série de personagens que chegam com o circo, cada qual com seus
conflitos e angústias pessoais, agitando a rotina pacata do lugar.
Mas talvez sejam histórias demais quando o interessante
mesmo é a relação de Zolah com família, consequentemente buscando se encontrar
na terra natal. Ora, é ele quem traz cor ao filme (e à ilha), literalmente: na sua primeira
apresentação como homem bala, a fotografia em preto-e-branco do início ganha colorido
quando ele explode no canhão. Faz explodir também os desejos de uma relação
incestuosa há tempos castrada.
mesmo é a relação de Zolah com família, consequentemente buscando se encontrar
na terra natal. Ora, é ele quem traz cor ao filme (e à ilha), literalmente: na sua primeira
apresentação como homem bala, a fotografia em preto-e-branco do início ganha colorido
quando ele explode no canhão. Faz explodir também os desejos de uma relação
incestuosa há tempos castrada.
Se investe em personagens pouco estimulantes (como a
relação entre o dono do circo, vivido por Paulo César Peréio, e seu affair com o homem mais forte do mundo
interpretado por Milhem Cortaz; ou o tenso atirador de facas de Matheus
Nachtergaele), o filme parece embebecido pela própria natureza paradisíaca do lugar, ainda que saiba aproveitar bem essa ambientação.
relação entre o dono do circo, vivido por Paulo César Peréio, e seu affair com o homem mais forte do mundo
interpretado por Milhem Cortaz; ou o tenso atirador de facas de Matheus
Nachtergaele), o filme parece embebecido pela própria natureza paradisíaca do lugar, ainda que saiba aproveitar bem essa ambientação.
Por um lado, há um apreço visual que embala muito
bem essas histórias entrecruzadas. No fundo, é muito cômodo filmar o belo
quando se conta com números circenses e a locação do filme é em Fernando de
Noronha. Às vezes até parece que toda a beleza visual rouba a atenção para os
conflitos humanos.
bem essas histórias entrecruzadas. No fundo, é muito cômodo filmar o belo
quando se conta com números circenses e a locação do filme é em Fernando de
Noronha. Às vezes até parece que toda a beleza visual rouba a atenção para os
conflitos humanos.
Ferreira, responsável pelo renascimento do cinema pernambucano em fins
dos anos 1990 com Baile Perfumado, ainda
assim constrói uma narrativa longe de ser óbvia, costurada com algo de poético,
ainda que o arco dramático central perca com isso.
dos anos 1990 com Baile Perfumado, ainda
assim constrói uma narrativa longe de ser óbvia, costurada com algo de poético,
ainda que o arco dramático central perca com isso.
Rafael, sabe dizer se algum filme que passou na Paulínia irá ter oportunidade no circuito comercial?
Gustavo,
Os filmes da Imovision estão com datas para estrearem no circuito. Já os filmes nacionais das mostras competitivas são mais difíceis. São filme que preferem circular mais por mostras e festivais para serem lançados comercialmente depois. Acompanhe o calendário pelo site Filme B.