Killer Joe –
Matador de Aluguel
(Killer Joe, EUA, 2011)
Dir:
William Friedkin
William
Friedkin retorna agora aos filmes policiais exatamente 40 anos depois de ter
lançado Operação França, um de seus trabalhos mais festejados no gênero. O tempo nos prova que ainda existe vigor e
força criativa num cineasta que parecia estanque. Foi assim também quando ele
voltou ao cinema de horror com o angustiante Possuídos (depois do marco que é O Exorcista), filme pouco visto, mas muito apreciado num círculo
restrito de cinéfilos, obra psicologicamente potente.
Friedkin retorna agora aos filmes policiais exatamente 40 anos depois de ter
lançado Operação França, um de seus trabalhos mais festejados no gênero. O tempo nos prova que ainda existe vigor e
força criativa num cineasta que parecia estanque. Foi assim também quando ele
voltou ao cinema de horror com o angustiante Possuídos (depois do marco que é O Exorcista), filme pouco visto, mas muito apreciado num círculo
restrito de cinéfilos, obra psicologicamente potente.
Parece
que acontece o mesmo com esse Killer Joe –
Matador de Aluguel, filme brutal, de tons amorais, que não fez muito
sucesso nos Estados Unidos e chega aqui com lançamento bem restrito. Sua maior
qualidade está no percurso de insanidade que vai se expandindo à medida que a história
avança, como um neonoir de formas
trágicas, jogando o espectador num covil de personagens sem escrúpulos.
que acontece o mesmo com esse Killer Joe –
Matador de Aluguel, filme brutal, de tons amorais, que não fez muito
sucesso nos Estados Unidos e chega aqui com lançamento bem restrito. Sua maior
qualidade está no percurso de insanidade que vai se expandindo à medida que a história
avança, como um neonoir de formas
trágicas, jogando o espectador num covil de personagens sem escrúpulos.

no início somos apresentados ao conflito do filme, sem preâmbulos. Rapaz (Emile Hirsch) convence
o pai (Thomas Haden Church) e a madrasta (Gina Gershon) a contratarem um
assassino para matar a mãe dele a fim de que possam ficar com o dinheiro do
seguro de vida, e ele possa pagar uma enorme dívida de drogas. E é a irmã
mais nova dele (Juno Temple) a garantia que o assassino (Matthew McConaughey)
pede para fazer o trabalho sujo sem receber nada em adiantamento.
Estamos,
portanto, no terreno dos tipos sem escrúpulos, das famílias desestruturadas e dos
acordos que põe em garantia as próprias vidas dos envolvidos, tudo beirando o doentio e a desarmonia. A família vive num trailer desarrumado, tratam-se com
arrogância, não há arrependimento quando um trai o outro. À noite, quando a
madrasta abre a porta para o enteado, ela aparece nua da cintura pra baixo, e a
câmera faz questão de mostrar a vagina cabeluda da mulher, diante da indignação
do rapaz. É nesse tipo de amoralismo que Friedkin se debruça, essa podridão que
permeia o filme do início ao fim (e que fim!).
portanto, no terreno dos tipos sem escrúpulos, das famílias desestruturadas e dos
acordos que põe em garantia as próprias vidas dos envolvidos, tudo beirando o doentio e a desarmonia. A família vive num trailer desarrumado, tratam-se com
arrogância, não há arrependimento quando um trai o outro. À noite, quando a
madrasta abre a porta para o enteado, ela aparece nua da cintura pra baixo, e a
câmera faz questão de mostrar a vagina cabeluda da mulher, diante da indignação
do rapaz. É nesse tipo de amoralismo que Friedkin se debruça, essa podridão que
permeia o filme do início ao fim (e que fim!).

e o roteirista Tracy Letts, baseando-se numa peça de teatro desse último, acrescenta
outras camadas à história, seja no perfil insano, mas bem apresentável, de Joe
(um policial, na verdade, o que revela outro desvio de comportamentos sociais decadentes),
seja na doçura virginal e psicologicamente debilitada da garota que passa a ser
sua “amante”. O encontro entre os dois cria um casal estranhíssimo, cada qual
mentalmente perturbados à sua maneira.
Além disso, a reviravolta final faz encaixar uma série
de pistas que o filme vai deixando pelo caminho, revelando um roteiro
redondinho e surpreendente, perpassando pelas atitudes tortas e vis dos
envolvidos. Na meia hora final, o filme explode em grotesca violência (com a
bizarra e já famosa cena envolvendo uma coxa de frango). Quando acaba, larga o
espectador sem amparo, desconcertado, assim como as trajetórias sem perspectivas
de seus personagens.
de pistas que o filme vai deixando pelo caminho, revelando um roteiro
redondinho e surpreendente, perpassando pelas atitudes tortas e vis dos
envolvidos. Na meia hora final, o filme explode em grotesca violência (com a
bizarra e já famosa cena envolvendo uma coxa de frango). Quando acaba, larga o
espectador sem amparo, desconcertado, assim como as trajetórias sem perspectivas
de seus personagens.
É a combinação perfeita de um roteiro que orgulha manuais com uma direção segura, que combina tesão e fluidez. De toda a geração do Sexo, Drogas e Rock n' Roll, seria Friedkin quem melhor envelhece?
Leo, o Friedkin envelheceu muito bem, não? Acho incrível como ele consegue se desvencilhar de certos lugares comuns num filme mais amoral, mais doentio. Mas o roteiro tá redondinho, nada sobra ali. E a metade final é sensacional.